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A Falência de Elementos Essenciais na Cadeia de Valor

A cadeia de valor é um conceito fundamental para a competitividade e eficiência de qualquer organização. É através dela que se criam produtos e serviços que agregam valor aos clientes, desde a aquisição de matérias-primas até à entrega final. No entanto, quando certos elementos dessa cadeia não funcionam corretamente, todo o sistema pode ser comprometido, colocando em risco todo o processo e especialmente, o cliente final.

A nossa empresa dedica-se à venda de caravanas e autocaravanas, estando ligada ao setor desde 1959. Sempre enfrentámos diversos problemas na nossa cadeia de valor, mas de forma regular há um elemento que provoca constrangimentos. Somos representantes de várias marcas conceituadas de caravanas e autocaravanas, importamos veículos para o mercado nacional, vendemos ao cliente final e dependemos de um organismo público, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), para a emissão das matrículas dos veículos. Atualmente, ao nível das caravanas, classificadas com reboques de campismo, o IMT não está a emitir as matrículas num tempo razoável.

Lidamos com a delegação do IMT Porto para a emissão das matrículas destes reboques. Temos atualmente mais de 10 processos pendentes, sendo o mais antigo de 20 de Maio. Estamos a 9 de Julho. Alguns dirão que para um serviço público, nem está assim tão atrasado, mas a verdade é que está. Muito atrasado. Depois de várias tentativas no balcão do IMT para saber o estado dos processos, foi enviado um mail não só à diretora do IMT Norte, como também à Coordenadora da seção de veículos. Este mail solicitava uma reunião com estas responsáveis com o objetivo de apresentar os problemas decorrentes destes atrasos, como também avaliar potenciais caminhos subsequentes de resolução. O nosso desespero é grande, pois estes atrasos afetam duas vertentes do negócio: contratos de compra e venda já assinados com clientes e que não estamos a cumprir com o acordado mas também pelo bloqueio de vendas futuras deste tipo de veículos, pois não faz sentido fazer uma venda sem que exista uma perspetiva razoável sobre a data de entrega.

Os impactos são elevados: estrangulamento de tesouraria pela falta de conclusão dos processos, investimento em existências que não pode ser materializado em vendas, impossibilidade de fazer novas encomendas de novas caravanas. A cadeia de valor está posta em causa.

Do mail enviado, recebemos uma célere resposta a pedir para identificar os processos pendentes, situação que fizemos prontamente. No entanto, após novas insistências, a ultima resposta é caricata e dramática:

“No seguimento do email infra, cumpre-me informar V. Excia. que atendendo à escassez de recursos humanos prementes nesta DRMTN, aliado ao elevado volume de serviço aqui rececionado, nem sempre nos é possível responder aos pedidos que nos são solicitados com toda a celeridade que seria desejada, no entanto, diariamente encetamos esforços para colmatar eventuais atrasos na execução dos mesmos.

Mais se informa que, processos rececionados nestes serviços são tramitados por ordem cronológica de entrada e de acordo com a disponibilidade dos serviços para o efeito, sendo que na presente data estamos a tramitar os pedidos rececionados nestes serviços a 01/04/2024, não obstante e, para um melhor esclarecimento solicita-se indicação dos números dos processos ou as matrículas dos veículos em questão.

Em face dos esclarecimentos prestados, somos a entender como desnecessária a realização da reunião pretendida.”

E é assim que estamos. O IMT Porto reconhece a 4 de Julho um atraso de 3 meses para o processamento dos processos de reboques. 3 meses. 90 dias. E esta realidade é transversal a outras delegações do IMT. Outros concorrentes apresentam as mesmas limitações e constrangimentos temporais noutras delegações.

Como se pode trabalhar assim? Como é possível que um organismo estatal que tem este poder em tantas cadeias de valor (veículos, condutores, transportes) se comporte desta forma?

É mais que urgente que esta situação se torne pública, que seja alvo de notícia e que os responsáveis por este Instituto assumam as responsabilidades de um serviço publico que não estão a cumprir. É preciso definir ações concretas, não só para resolver os processos pendentes como também olhar para o futuro e criar condições mais céleres. Estamos a falar de processos burocráticos, que evidenciam muitas falhas de coordenação, uma enorme indiferença e falta de respeito com os operadores económicos com quem trabalham e uma enorme falta de vontade em melhorar. As empresas são tratadas da mesma forma como um particular. Têm de ir para a fila de espera e aguentar, como todos.

Ao expormos a situação, colocamo-nos numa posição de fragilidade face a negócios futuros, mas não temos alternativas. O Estado é o nosso pior parceiro de negócio, não só pela elevada carga fiscal que aplica aos veículos do nosso setor, mas também pelo fraquíssimo nível de serviço que presta. Temos de ser capazes de exigir mais e de conseguir mais. De outra forma, o futuro do nosso e de muitos negócios está condenado ao fracasso por culpa de um elemento que não controlamos.